Divórcio: Mulheres bem-sucedidas tendem a não ficar em relacionamentos falidos

Nos últimos anos, temos visto uma mudança significativa na forma como as mulheres lidam com seus desejos, com a condução de suas famílias, com as finanças pessoais e com a ascensão de suas carreiras profissionais. Essa mudança de comportamento, sem muito compromisso com a estabilidade nas relações amorosas, passa pela conquista da independência financeira.

Quando crianças, muitas meninas veem a própria mãe, tia, avó, tolerando situações descabidas dentro do casamento, como agressões, xingamentos, impossibilidade de trabalhar fora de casa e sendo totalmente submissas e dependentes dos maridos, e quando crescem, não é esse o futuro que essas mulheres desejam.

De acordo com as Estatísticas do Registro Civil, de 2021, divulgadas IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de divórcios no Brasil alcançou um recorde de 386,8 mil, uma diferença de 55,6 mil divórcios comparada a 2020. A mesma pesquisa mostra que, em média, os homens se divorciaram em idades mais avançadas que as mulheres. Na data do divórcio, os homens estavam com cerca de 43,6 anos, enquanto as mulheres, 40,6 anos de idade.

Para a vereadora e advogada, Dárinca Simões, a independência financeira é uma ferramenta fundamental para as mulheres que buscam ter voz ativa em suas relações.

Ela explica que muitas vezes as mulheres ficam presas em relacionamentos abusivos ou infelizes por não terem autonomia financeira para sustentarem o próprio futuro e o de seus filhos.

Mas essa é apenas uma das muitas preocupações das mulheres na hora de pedir o divórcio. Para elas, o principal ponto a ser analisado é a guarda dos filhos menores, a dificuldade de acesso a creches e escolas em tempo integral e a falta de uma rede de apoio, pois embora consigam conquistar sucesso profissional e financeiro, as mulheres-mães são propensas a pagar um preço pessoal mais alto.

Isso não significa que todas as mulheres que buscam independência financeira estão propensas ou serão imunes ao divórcio.

“A independência financeira da mulher é super importante, mas na balança, não é a única coisa que pesa em um relacionamento saudável. É importante que haja confiança, respeito mútuo e comunicação aberta para que o casal possa enfrentar os desafios juntos. Ainda assim, é comum que mulheres associem a separação a uma visão de derrota, a uma história de amor que não deu certo”, ressalta a psicóloga e sexóloga Isabel Paegle.

LEI DO DIVÓRCIO

As leis que oferecem direito às mulheres sempre chegam de forma tardia na grande maioria dos casos. Não diferente é a Lei do Divórcio, somente instituída em 1977, ou seja, a pouco mais de 45 anos. “Até 1977, o casamento era algo indissolúvel para a Lei. Aos casados só exista o desquite, mecanismo que encerrava a sociedade conjugal, decretava a separação de corpos e de bens, mas não extinguia o vínculo matrimonial. O desamparo jurídico era tanto que pela lei as pessoas desquitadas não podiam casar novamente, pois a união não tinha respaldo legal. Logo, os filhos desses novos relacionamentos eram considerados ilegítimos”, explica Dárinca.

Apenas uma década atrás, menos de 10% dos divórcios envolviam cônjuges com mais de 50 anos. “Hoje, mais de 25% dos divorciados têm mais de 50 anos, pois ao verem seus filhos crescendo e os netos chegando, essas mulheres concluem que já fizeram sua parte como mãe e é quando passam a pensar nelas mesmas. Isso as faz concluir que não há mais razões para viverem infelizes dentro de um casamento conturbado, com falta de amor e reciprocidade e decidem por fim na relação. Normalmente essas mulheres também já se encontraram profissionalmente e desejam aproveitar tudo aquilo que a vida tem a oferecer”, conclui Paegle.

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